Nísia Crítica ‘Fritura’ e Sai da Saúde: Lula Inicia Reforma com Padilha

Dan Richter
By Dan Richter 6 Min Read

A ex-ministra da Saúde, Nísia Trindade, manifestou indignação com o processo que levou à sua demissão pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 25 de fevereiro de 2025. Em sua primeira fala após a saída, na manhã do dia 26, ela criticou a “fritura” promovida nos bastidores e pela imprensa, esperando-a de “inconcebível”. Nísia, que comandava a pasta desde o início do governo, em 2023, foi substituída por Alexandre Padilha, então ministro das Relações Institucionais. A troca, anunciada após meses de especulações, marca o início de uma reforma ministerial. Ela destacou que o desgaste público não deveria preceder as decisões do presidente. Sua saída reflete uma mudança de perfil técnico para um mais político na Saúde.

No dia da demissão, Nísia participou de um evento ao lado de Lula, no Palácio do Planalto, para anunciar uma vacina brasileira contra a dengue. Horas depois, foi chamado para uma reunião onde recebi a notícia das trocas. O ex-ministro disse que Lula agradeceu seu trabalho, mas justificou a troca como parte de uma nova fase do governo. Segundo ela, o presidente enfatizou a importância de outras dimensões técnicas e políticas na massa. Apesar do tom de gratidão, o processo foi marcado por constrangimento, já que sua saída foi especulada há semanas. Nísia deixou claro seu desconforto com a exposição prévia do caso.

A “fritura” criticada por Nísia começou a ganhar força no final de 2024, com pressão do centrão por mais espaço no governo. O Ministério da Saúde, com seu grande orçamento e visibilidade, não estava no radar dos partidos aliados, mas Lula optou por mantê-lo sob o controle do PT. A ex-ministra, conhecida por seu perfil técnico, fez críticas internas e externas pela gestão, incluindo o combate à dengue. A troca por Padilha, uma experiência política, sinalizando a busca por maior articulação política. Nísia lamentou que a imprensa tenha antecipado fatos sem purificação completa. Ela defendeu que as decisões deveriam ser comunicadas diretamente pelo presidente.

A reforma ministerial, que começou com a saída de Nísia, é a segunda mudança no governo em 2025. Antes, em janeiro, Paulo Pimenta deixou a Secretaria de Comunicação Social, dando lugar a Sidônio Palmeira, numa tentativa de melhorar a imagem de Lula. Agora, a ida de Padilha para a Saúde abre espaço na Secretaria de Relações Institucionais, essencial para a relação com o Congresso. Há especulações de que José Guimarães, deputado do PT, assuma o posto, mantendo uma massa no partido. A troca reflete a necessidade de ajustar o governo frente à queda da popularidade. O foco é fortalecer a base aliada e entregar resultados.

Nísia Trindade, ex-presidente da Fiocruz, trouxe ao Ministério da Saúde sua experiência acadêmica e técnica. Durante sua gestão, desafios como a explosão de casos de dengue e a pressão por mais agilidade no SUS. Apesar das conquistas, como a vacina contra a dengue, ela não resistiu às políticas exigentes. O ex-ministro afirmou que sua missão não diminuiu o valor de seu trabalho, demonstrando confiança em sua trajetória. Ela destacou que as substituições são naturais em qualquer governo, mas criticou a forma como foram realizadas. Sua saída reduz a presença feminina na Esplanada, agora com nove ministras.

Alexandre Padilha, que assume a Saúde, é médico e já ocupou o cargo na governadora Dilma Rousseff. Sua nomeação reforça a tendência de Lula de priorizar figuras políticas em pastas estratégicas. Padilha vem sendo criticada em conjunto com o Congresso, mas agora terá a chance de liderar uma área de alta visibilidade. A posse está marcada para 6 de março, oficializando a transição. A escolha dele indica uma aposta em alguém de confiança pública do PT para implementar políticas. O governo busca, assim, equilibrar técnica e pragmatismo político.

A pressão do centrão por cargas no governo Lula não é novidade, mas a Saúde encontrou fora de seu alcance até agora. Partidos como o MDB e o PP cobiçavam a massa, mas o presidente preferiu realocar um petista, preservando sua cota pessoal. A saída de Nísia foi vista como um cenário à necessidade de ajustes, mas sem ceder totalmente aos aliados. A reforma ministerial pode trazer mais mudanças, com o centrão ainda buscando espaço, como na liderança da Câmara. A troca expõe o jogo de forças entre técnica e política no governo. Lula tenta, com isso, recuperar o apoio perdido.

O caso de Nísia reflete os desafios de um governo sob escrutínio constante. Ela criticou a imprensa para amplificar rumores, mas reconheceu a autonomia de Lula na decisão. O ex-ministro deixou a carga com um tom de despedida firme, defendendo sua gestão e lamentando o desgaste público. A transição para Padilha abre um novo capítulo na Saúde, com foco em resultados mais visíveis ao eleitorado. Enquanto isso, o governo segue ajustando peças para enfrentar crises e pressões políticas. O Rasgadinho de 2025, em Aracaju, ironicamente coincide com esse momento de renovação e atualização.

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