Paulo Roberto Gomes Fernandes compreende que o Brasil só conseguirá ampliar de forma sólida a oferta de gás natural se combinar novas rotas de suprimento com soluções de engenharia mais eficientes. Com reservas tradicionais pressionadas e demanda crescente, o presidente da Liderroll destaca a necessidade que o país discuta, com seriedade, o uso de gasodutos aparentes e a integração com países vizinhos, em especial a partir do gás de Vaca Muerta, na Argentina.
Desafio da oferta de gás e gargalo de infraestrutura
O Brasil convive hoje com um quadro complexo: o potencial do gás associado ao pré-sal ainda não se traduziu em plena disponibilidade, enquanto fontes tradicionais, como a oferta boliviana, perdem fôlego. Ao mesmo tempo, Vaca Muerta desponta como uma das maiores reservas de gás não convencional do mundo, com capacidade real de complementar a oferta brasileira.
Para Paulo Roberto Gomes Fernandes, o problema não é apenas “onde está o gás”, mas “como ele chega” aos grandes centros consumidores. A malha de transporte de gás natural no país ainda é relativamente pequena para um território continental, o que limita a capacidade de trazer moléculas de novas fronteiras até as indústrias, térmicas e distribuidoras locais. Sem um salto de qualidade na infraestrutura de dutos, oportunidades como Vaca Muerta correm o risco de ficar restritas a acordos pontuais.
Gasoduto desde Vaca Muerta e o papel dos dutos aparentes
Qualquer solução estrutural envolvendo gás argentino passa, inevitavelmente, pela construção de um novo corredor de transporte, ligando o sul da Argentina ao Brasil ou a rotas intermediárias em outros países da região. Pelos métodos convencionais, com tubulações enterradas, os custos estimados tendem a ser muito elevados para um projeto de mais de mil quilômetros.
É nesse ponto que Paulo Roberto Gomes Fernandes propõe que o país coloque sobre a mesa a alternativa dos gasodutos aparentes, amplamente utilizados em outros mercados. Com estruturas elevadas, suportes dimensionados e roletes adequados, é possível reduzir o volume de escavações, simplificar etapas construtivas e diminuir prazos, o que se reflete em investimentos iniciais menores. Além disso, o traçado pode ser planejado para facilitar acessos, inspeções e eventuais intervenções ao longo da vida útil do sistema.
Por que dutos aparentes podem ser mais seguros e duráveis
Uma crítica frequente aos gasodutos aparentes é a suspeita de que seriam menos seguros do que aqueles enterrados. Paulo Roberto Gomes Fernandes argumenta o contrário: na prática, dutos enterrados convivem continuamente com umidade, solos de diferentes características químicas e variações de potencial elétrico, fatores que favorecem corrosão e exigem sistemas complexos de proteção.

Nos dutos aparentes, ao contrário, a inspeção visual é simples, o acesso é direto e a manutenção pode ser feita de forma programada, com maior precisão. A tecnologia desenvolvida pela Liderroll, baseada em roletes especiais que evitam o atrito direto entre o tubo e estruturas fixas, reduz pontos de tensão, elimina amassamentos e minimiza a corrosão localizada. Esses roletes também funcionam como isolantes elétricos, protegendo a tubulação contra efeitos de potenciais negativos de terra. Com isso, a vida útil aumenta e a probabilidade de falhas inesperadas diminui.
Integração regional e divisão de custos
Para transformar Vaca Muerta em fonte relevante para o Brasil, Paulo Roberto Gomes Fernandes sugere um desenho de projeto que considere toda a região. Traçados que passem por países vizinhos, permitindo o atendimento de mais de um mercado, abrem espaço para modelos de investimento compartilhado, em que custos e benefícios são divididos entre diferentes atores.
Gasodutos aparentes, por demandarem obras potencialmente menos custosas e mais rápidas, podem tornar essa equação financeira mais atraente. Em vez de um único país suportar sozinho um investimento bilionário, a integração permite que transportadoras, empresas de energia e instituições de fomento construam, em conjunto, um corredor de gás mais robusto, com contratos de longo prazo e regras claras de uso da capacidade.
Um chamado a um debate técnico de alto nível
Diante desse cenário, Paulo Roberto Gomes Fernandes indica um encontro de alto nível entre transportadoras, distribuidoras, órgãos de planejamento, reguladores e instituições financeiras. A ideia é analisar, com base em dados técnicos e econômicos, a viabilidade de gasodutos aparentes em comparação aos modelos tradicionais, discutindo traçados, custos, prazos e impactos regulatórios.
Na visão do presidente da Liderroll, o Brasil precisa superar a resistência a soluções que já se mostraram eficientes em outros países e aproveitar o conhecimento acumulado em travessias especiais, túneis, píeres e terminais. Ao colocar a engenharia no centro do debate sobre gás, Paulo Roberto Gomes Fernandes aponta que o país pode transformar o potencial de novas fontes em um aumento concreto da oferta, com mais segurança, previsibilidade e competitividade para a indústria e para toda a cadeia de consumo.
Autor: Dan Richter