Tecnologia

PF chega ao ‘gênio de Uberlândia’ que ajudou PL a questionar urnas, e aponta conexão com influenciador argentino

Eder Balbino, dono de uma empresa de tecnologia da informação na cidade mineira, foi alvo de buscas nesta quinta-feira (8). Ele teria fornecido relatório com suspeitas infundadas sobre lisura das eleições.

Um dos alvos da investigação da Polícia Federal desta quarta-feira (8), sobre uma tentativa de golpe de Estado, é Eder Balbino, dono de uma empresa de tecnologia da informação sediada em Uberlândia (MG). A companhia auxiliou na produção do estudo que levou o PL a contestar as urnas após o segundo turno.

Quando Valdemar da Costa Neto questionou as urnas junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2022, ele disse, em entrevista coletiva, que teve a ajuda de “um gênio de Uberlândia”. Segundo a investigação, esse gênio seria Eder Balbino.

A PF encontrou uma conexão entre Balbino e o argentino Fernando Cerimedo, que ganhou notoriedade ao fazer uma live em 4 de novembro de 2022. À ocasião, ele apontou supostas fraudes – infundadas – na eleição brasileira.

A live de Cerimedo repercutiu muito entre os eleitores de Bolsonaro e alimentou discursos golpistas. Cerimedo é apoiador do presidente Javier Milei na Argentina.

A decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes que autorizou a operação desta quinta diz: “descobriu-se que o investigado Eder Lindsay Magalhães Balbino, sócio da empresa Gaio.io, com sede em Uberlândia/MG, foi o responsável por subsidiar o ‘estudo’ apresentado por Fernando Cerimedo em sua live”.

A investigação da PF chegou na conexão entre Balbino e Cerimedo porque, na transmissão, o argentino disponibilizou uma pasta com arquivos que “provariam” a existência da alegada fraude nas urnas brasileiras.

Uma dessas pastas de arquivos havia sido editada pela última vez por um usuário de nome “Eder Balbino” — informação que ficou aparente e deixou um rastro seguido pela PF.

Além desse rastro, a Polícia Federal apontou ao STF a existência de uma conversa em que um empresário também investigado, Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho, pede a Mauro Cid, então ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o contato do argentino Cerimedo.

A decisão de Moraes diz ainda que a empresa de Balbino colaborou com o relatório produzido pelo Instituto Voto Legal (IVL), entidade contratada e paga diretamente com recursos do fundo partidário pelo Partido Liberal.

“A Gaio.io foi citada nove vezes no relatório técnico apresentado pelo Instituto Voto Legal (IVL) que baseou o pedido de anulação dos votos das urnas antigas feito junto ao TSE no dia 22.11.2022”, diz Moraes.
Segundo a decisão, o PL fez um pagamento de R$ 1,2 milhão ao IVL, em cinco parcelas de R$ 225 mil.

O que diz Eder Balbino
Em entrevista ao g1 em dezembro passado, Balbino negou que tenha produzido conteúdo contra as urnas para o PL.

Ele afirmou que sua empresa, a Gaio, apenas forneceu um software de processamento de dados que foi usado pelos técnicos que o partido de Valdemar contratou para analisar as urnas.

Balbino foi alvo de buscas nesta manhã, junto com outros suspeitos de integrar o núcleo responsável por produzir desinformação sobre as urnas.

Ao todo, foram expedidos 33 mandados de busca e apreensão e quatro mandados de prisão preventiva. Há ainda medidas cautelares, como proibição de contatos entre os investigados, retenção de passaportes e destituição de cargos públicos.

Entre os alvos estão o ex-presidente Jair Bolsonaro; o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto; e os ex-ministros Augusto Heleno, Anderson Torres, Braga Netto; além de militares e ex-assessores de Bolsonaro.

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